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segunda-feira, 3 de abril de 2023
Ameaças a bancos de dados
de cartórios motivam debate por mais segurança
As transformações que as novas
tecnologias e a digitalização de dados trazem ao cotidiano dos brasileiros e as
adequações para o controle e a segurança dos registros e notas estão sob a
atenção de profissionais do direito, que vivem alertas em nome do respeito à
privacidade e contra os riscos de vazamentos. O seminário A LGPD Nos Cartórios
colocou em discussão os ajustes que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP)
impõe à prestação de serviços pelas mais de 13,4 mil repartições que atendem à
população nos 5.570 municípios do País
Seminário “A LGPD nos
Cartórios”. Carolina Razolin Nerbass – Juíza de Direito (TJSC) e Juíza Auxiliar
da Corregedoria Nacional de Justiça; Patricia Peck Pinheiro, professora
especialista em Proteção de Dados e Cibersegurança; Conselheiros do CNJ, Mauro
Martins e Luiz Fernando Bandeira de Mello. Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ
O evento, uma iniciativa do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), reuniu, na manhã da quinta-feira (30), oito
palestrantes, que se manifestaram em quatro painéis sobre as adequações que a
LGPD requer à rotina de trabalho dos cartórios. Professores, magistrados e
representantes dos registradores fizeram avaliações sobre a importância da
criação de uma cultura de proteção de dados entre os profissionais que atuam
com esses serviços e entre os próprios cidadãos. O Provimento n. 134, ato
publicado pelo CNJ em 24 de agosto de 2022, norteou os debates.
A norma, que estabelece medidas de
adequação à LGPD para adoção pelas serventias extrajudiciais, os cartórios,
mereceu repetidas citações durante o evento, na sede do CNJ, em Brasília (DF),
com transmissão pela internet – mais de 2 mil espectadores acompanharam
simultaneamente as palestras. “O Provimento n. 134 traduziu a LGPD para os
cartórios, facilitou o trabalho para adaptação”, comentou a juíza auxiliar da
Corregedoria Nacional de Justiça, Carolina Ranzolin, que mediou um dos quatro
painéis do seminário. “Esta é uma grande oportunidade para que notários e
registradores tenham referências”, avaliou outro moderador, o ministro do
Superior Tribunal de Justiça, Sergio Kukina.
Os palestrantes do seminário chamaram a
atenção para a necessidade da busca de sintonia entre a LGPD, de 2018, e a Lei
de Acesso à Informação (LAI), de 2011. Também fizeram referência à importância
da divulgação de canais de atendimento aos usuários nos portais dos cartórios
na internet e destacaram a necessidade da indicação, nesses sites, dos nomes
dos encarregados pelos serviços. Quanto às medidas de precaução, houve citações
à descentralização das bases de dados, à adoção de mapeamento de vulnerabilidades
e riscos, o que resultará numa política de segurança, com plano de respostas.
“É importante inclusive a revisão das
cláusulas para ajustar os contratos com fornecedores e prestadores de serviço
às necessidades das LGPD”, opinou a também juíza auxiliar da Corregedoria
Nacional de Justiça, Caroline Tauk, que entende como importante medida de
segurança a descentralização das bases de dados. Essa alternativa, assim como
os backups, minora eventuais consequências de invasão, de corrupção e do
sequestro de arquivos, que sujeitam as vítimas a pedidos de resgate, crime de
extorsão que usualmente envolve cifras astronômicas e que já tiveram grandes
empresas como vítimas. “Uma certeza que se tem é sobre a morte; a outra é sobre
uma futura ocorrência do vazamento de dados”, alertou.
Castigo
Patrícia Pinheiro, professora
especialista em proteção de dados e cibersegurança, palestrou num dos painéis
do seminário no CNJ sobre medidas de segurança, técnicas e administrativas,
para a proteção de dados pessoais. “Legislação é piso, não se pode ficar aquém,
mas se pode ir além”, comentou a acadêmica, que defende a adoção de um castigo
digital para instituições pela omissão na adoção de práticas de comportamento
seguro. “Por falta de cuidado, se coloca todos em risco, a rede funciona de
forma integrada e é preciso ser rigoroso. Os cartórios estão na mira de ataques
porque detêm dados muito valiosos.”
O juiz assessor da Corregedoria Geral
do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), Fernando Tasso, compartilhou com os
participantes do seminário a experiência na fiscalização, para checagens de
conformidade com a LGPD, nos 1.545 cartórios do estado. O magistrado defendeu a
adoção de atas, para registro das visitas a cartórios, e o aperfeiçoamento das
rotinas, inclusive com a verificação in loco da sala do servidor, ou sala
cofre, onde funcionam, necessariamente sob temperatura controlada, os
equipamentos que armazenam os bancos de dados.
“É preciso, por exemplo, um sistema de
segurança para que o sistema com o banco de dados volte ao ar, se for o caso,
em no máximo vinte minutos”, alertou o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de
Mello, que desde 2021 é o encarregado no CNJ do tratamento dos dados pessoais.
Bandeira de Mello entende que a LGPD ganhou dimensão em proporção direta ao
profundo impacto que as novas tecnologias provocam no modo de vida das pessoas.
Fonte: CNJ
Fonte: https://www.anoreg.org.br/site/ameacas-a-bancos-de-dados-de-cartorios-motivam-debate-por-mais-seguranca/
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